terça-feira, 31 de março de 2020

O poder de um abraço

O que este isolamento me ensinou foi que não dizemos vezes suficientes que gostamos dos outros. Podemos até transmitir esse sentimento de outras formas, mas dizer, gritar aos quatro ventos o que sentimos pela nossa família, pelos nossos amigos, pelas pessoas que fazem parte da nossa vida, acho mesmo que não o fazemos como deveríamos. Digo todos os dias aos meus filhos que os amo, aliás é das últimas coisas que lhe digo todos os dias quando os tapo na cama. Provavelmente não digo ao meu marido todos os dias o que sinto por ele. Ele sabe-o, não tenho dúvidas, porque as vezes basta um olhar, um abraço, um beijo na testa, um dança na cozinha.
Neste momento queria puder ir dar um abraço à minha mãe e ao meu irmão e dizer-lhe que sinto a falta deles… sinto falta de ver a minha mãe passear orgulhosa com os netos nas ruas da minha aldeia e de ouvir dizer “toda a gente diz que tenho uns netos lindos”. Sinto falta do tio babado que ultra protege os sobrinhos, mas que também lhe mostra as batatas e os feijões a nascer e as leva a dar milho as galinhas.
Tenho saudades dos meus primos e do seu pequenino, de ver os primos brincarem todos, de podermos conversar, comer e os senhores beberem umas bebidas.
Tenho saudades da minha vizinha/comadre e ouvinte das horas mais complicadas que está a dois passos de elevador e a quem não posso dar um abraço apertado mesmo que uma das duas precise mesmo. Sei que ela morre de saudades do seu afilhado lhe ir pedir bolachas e dos beijos repenicados das minhas pipocas
Tenho saudades da minha Rita e corta-me o coração saber que a sua pequenina faz anos amanhã e não poderemos estar lá para lhe dar um abraço muito, muito apertado.
Tantos abraços que preciso de dar, de sentir os outros, sentir o seu calor, sentir o seu amor e a sua amizade.
E até que lhe possa dizer pessoalmente fica aqui para lerem e saberem o quanto gosto de vocês:
Meu amor Paulo amo-te com todas as minhas forças
Carolina, Mariana e Rodrigo vocês são o meu mundo, o meu coração fora do peito, a minha razão de viver e de tentar ser a melhor pessoa possível.
Mãe e Jorge ( cuida dela por mim, já que eu estou longe, tal como sempre cuidaste do pai… obrigada… acho que nunca te disse isto antes e tu merecidas tanto) adoro-vos. Vocês são a minha estrutura.
Minha Sónia tantas saudades tuas…tão perto e tão longe… que saudades de um café, de um abraço apertado. Tantas vezes me ouviste… tantas vezes me ajudaste. Gosto muito de ti… tu sabes. De ti e dos teus.
Minha Rita, minha amiga de sempre e espero que para sempre. Como é bom puder ver as nossas filhas a criarem também elas uma linda amizade. Que saudades dessas pequeninas que amo como se fossem minhas sobrinhas de verdade. Amanhã será um dia especial e nós estaremos aqui deste lado a festejar convosco e com a lindona.
Sérgio, Vanda e David quantas partilhas, quanta brincadeira, quantas ajudas. Quantas visitas para manter a sanidade mental desta mãe quando estava fechada em casa com as gémeas pequeninas. Nos momentos mais marcantes vocês estavam sempre lá, ou melhor estavam sempre cá.
Minhas amigonas Silvia Rossa, Ana Reis, Filipa Cardoso. Esta quarentena fez-me descobrir bonitas histórias de algumas de vocês. Gosto muito de cada uma. Vai correr tudo bem.
A minha Kátia… que saudades desta avó que ama os netos e que tenho muito orgulho que eles partilhem a vida com ela. E dos cunhados chatos também 😉.
Família verdadeira, família do coração, amigos um abraço muito apertado…igual ao que vos quero dar, assim que puder, quando tudo isto passar!!!


quinta-feira, 26 de março de 2020

Uma boa dose de loucura

Hoje deixo-vos com a foto abaixo. Porque uma boa dose de loucura é essencial para sermos felizes. 😉

quarta-feira, 25 de março de 2020

Rotinas da quarentena

Somos uma família de 5 pessoas. Dois papás em teletrabalho, 2 pipocas com aulas do 3. ano via Skype e um príncipe com tarefas que a sua educadora lhe envia todos os dias e para as quais precisa de ajuda de um crescido. Quando tudo isto começou, instalámos o PC do pai e os das gémeas na mesa da sala para trabalharem. Com a chegada da mãe tivemos que alterar o projecto. Decidimos que precisávamos de lhe arranjar um espaço para as aulas e trabalhos. Trouxemos a mesa da cozinha e arranjamos um cantinho para elas.
Elas acordam todos os dias as 9h para terem tempo para tomar o pequeno almoço, pentear, lavar os dentes e vestir (para isto às vezes já não têm tempo, mas fazem depois da aula). Achamos que é importante que se vistam, mesmo que seja calças de fato de treino e sweatshirt para tentarmos manter a normalidade. Tentamos que ninguém ande de pijama.
Quando acabam as aulas fazem as camas delas. E brincam. Depois do almoço há trabalhos para fazer, algumas vezes com a ajuda dos pais. Os pais estão em teletrabalho mas ajudam sempre que conseguem e elas sabem que por vezes têm que estar mais silenciosas porque o pai tem muitas reuniões e a mãe tem um trabalho que lhe exige muita atenção.
Nalguns dias depois do trabalho de todos fazem ginástica com o pai, noutros fazem zumba com a mãe. Claro que não aguentam muito tempo, mas vão gastando energia.
Sempre que conseguimos vamos um bocadinho até às varanda apanhar um bocadinho de ar puro e sol. Ouvir o silencio e o canto dos passarinhos. Brincam com os Legos, fazem bolas de sabão, vestem e despem Barbies.
Quando tudo isto começou fizemos uma tabela com tarefas e brincadeiras para cada dia da semana. Claro que há dias que não fazem nada do planeado porque demoram mais tempo a fazer os trabalhos, e noutros dias cumprem o plano. A tabela é mesmo isso... um plano, um guia para nos podermos orientar e tentar que elas não fiquem vidradas o dia todo na televisão. Aliás a televisão só tem sido ligada ao final do dia :)
E ainda temos o pequenino com as suas tarefas. Todos os dias um de nós arranja um bocadinho do seu tempo para o ajudar nas suas tarefas. A mãe até faz as fichas à mão porque não temos tinteiros. (Raios... nunca mais deixo acabar os tinteiros). Logo eu e a minha falta de jeito para trabalhos manuais.
Se é fácil??? Não. Tentamos... eu e o meu marido. Tentamos fazer o nosso melhor porque eles são a nossa vida e nós queremos que eles passem por isto o mais serenamente possível!!!

terça-feira, 24 de março de 2020

Novas descobertas

Continuamos todos em casa. Todos bem e cheios de saúde e no que depender de nós vamos fazer tudo para continuar assim. Os 5 fechados em casa e com saídas muito limitadas de um dos papás para compras urgentes (normalmente vai o papá).
Este quarentena fez chegar a conclusão que não podemos tomar nada como garantido. Temos que visitar mais vezes as avós, correr nos jardins da avó, abraça-las, enchê-las de beijos. Proporcionar mais encontros de familia. Sem duvida!!! 
Hoje a madrinha do Guigo veio trazer uma encomenda e voltou para casa cheia de lágrimas... Ela foi e eu fiquei. Foi porque não pode dar ao meu/seu príncipe um abraço e um beijo apertado da sua "Inha" do coração. Na nossa vida normal nem damos importância ao valor que tem um simples abraço... O conforto que dá, do aconchego, da amizade, do amor. Quando tudo isto passar Sónia dás-lhe todos os beijinhos e abraços a que tens direito. E eu também quero um bem apertado. Quando tudo isto passar!!!

domingo, 22 de março de 2020

Respirar ar puro

Viver num apartamento de quarentena com 3 crianças cheias de energia não é fácil. Falta espaco para saltar, para correr, para fazer apanhar ar puro. Na falta deste espaço descobrimos que temos um varanda. Ela sempre esteve ali, mas nos anos que aqui vivemos ela serviu para pouco mais do que pôr a roupa a secar e deixar uns vasos com plantas. Improvisámos! Pusemos mantas no chão, eles levam os brinquedos qcom que querem brincar e apanhamos ar puro. O espaço não é muito, falta o jardim da avó Graciete para jogar à bola e brincar à apanhada, mas neste momento este bocadinho é o muito que eles podem ter. E ainda há espaço para a mamã ler um bocadinho (coisa que já não fazia há imenso tempo). Logo, logo iremos dar umas valentes corridas no jardim da avó.

sexta-feira, 20 de março de 2020

Novas vidas

Segundo dia da mamã cá em casa. Organizámos a sala. Criamos uma espaço para as pequenas estudarem e terem as suas aulas. E assim os pais também ficam com mais espaço para eles. Este bichinho veio mudar a nossa vida e nós temos de nos adaptar. Aliás adaptar é a palavra que melhor traduz este novos tempos. Adaptamo-nos a novas rotinas, novas formas de trabalhas, novos momentos em família.
Não é fácil... Não podemos dizer que é. quando vamos trabalhar e deixamos os miúdos na escola deixamo-nos de nos preocupar com as coisas mais mínima como fazer almoços. Em casa a logística tem que ser tratada de outra forma... Há sempre alguém a pedir colo, ou bolachas, ou "oh mãe a ligação do Skype caiu".
Estamos todos a cumprir o nosso papel... Os pais a tentar realizar as suas tarefas, as pipocas a assistir às suas aulas e a fazer os seus trabalhos e o pequeno Guigo a cumprir com as tarefas que a sua querida educadora propõe todos os dias. Quero só agradecer à equipa do Externato que tem feito um trabalho exemplar para manter os nossos meninos ativos. As professoras, educadoras e também a equipa de coordenação obrigada pelas ideias, pelas partilhas e pela paciência.
#stayhome

quinta-feira, 19 de março de 2020

Dia do Pai em quarentena

19 de Março de 2020. Este dia vai ficar guardado na nossa memória como o dia do Pai em que ficámos fechados. Não fomos jantar fora, não compramos um bolinho para festejar, não fomos dar um passeio. Mas estivemos todos juntos, na nossa bolha protetora. Foi um dia complicado. Com muitas adaptações, com dois adultos em teletrabalho, duas pipocas em aulas pelo Skype e um príncipe a requerer atenção. Mas no meio desta nossa confusão de família numerosa ainda conseguimos fazer uma caça ao tesouro para o papá encontrar a sua prenda, comemos um delicioso pão feito por ele e tenho a certeza que ele adorou os trabalhos manuais que recebeu dos três. Não foi o dia perfeito, mas foi o nosso dia. Continuamos aqui... Todos juntos!

quarta-feira, 18 de março de 2020

Olá a todos.
Já há muito tempo que tinha deixado de escrever aqui. De facto, depois que comecei a trabalhar aos 3 anos e meio das gémeas a escrita foi arrefecendo. Depois veio o príncipe pequenino e o tempo da mamã ficou cada vez mais pequeno. Entre trabalho, casa e filhos está mãe adormece no sofá com uma facilidade incrível.
Mas... Os tempos agora mudaram... A vida como a conhecíamos deu uma volta de 180 graus.
Os pequenos estão em casa desde quarta-feira com o pai e eu tenho saído para o trabalho. Confesso que nunca, mas mesmo nunca me custou tanto fazer isto. Não é unicamente o risco de puder apanhar o raio do vírus, mas o facto de o puder trazer para casa e contaminar os meus filhos e o meu marido. Senti-me um alien... Chegar a casa despir, por tudo para lavar, tomar banho antes de abraçar os meus filhos, beija-lhos, senti-los. E o coração apertado. Todos os dias!!!
Agora a mamã também já pode estar com eles fechada em casa. E estaremos todos, cada um a cumprir as suas funções e a fazer o nosso melhor para manter tudo dentro da normalidade possível. Iremos inventar muito, embirrar muito, mas acima de tudo estaremos unidos e a tentar manter-nos protegidos.
Se puderem fiquem também. Pelo vosso bem e pelo bem de todos.
#stayhome
Última foto que tiramos na rua. As próximas só se for na varanda de casa.